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A Coppe/UFRJ e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) disponibilizaram os mais potentes computadores de alto desempenho do país aos pesquisadores brasileiros e latino-americanos para o enfrentamento da pandemia causada pelo novo coronavírus, Covid-19.
Os supercomputadores Lobo Carneiro, da Coppe, e Santos Dumont, do LNCC, são os equipamentos mais importantes do Sistema Nacional de Processamento de alto Desempenho (Sinapad) e já foram empregados por pesquisadores de diversas instituições para estudos sobre os vírus da zika e da dengue, e para o desenvolvimento de fármacos.
Agora, esses recursos computacionais estão à disposição do Sistema de Computação Avançada para a América Latina e Caribe (SCALAC). O objetivo é disponibilizar de forma gratuita o processamento de pesquisas relacionadas ao controle, prevenção ou erradicação do Covid-19.
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Resolvi escrever este texto para tentar esclarecer alguns pontos necessários na situação atual.
A discussão entre adotar uma de duas opções opostas: salvar a economia x isolamento social total é uma falsa dicotomia e apenas retarda a tomada de decisões e confunde as pessoas.
Sabemos que o isolamento total não é possível, mas deve ficar claro que este é o objetivo. As medidas a serem adotadas devem indicar claramente que são para todos e em todos os lugares. Quanto menor for o contacto entre as pessoas menor será o contágio e menor será o número de pessoas doentes e portanto, menor será a necessidade de atendimentos no sistema de saúde em curto espaço de tempo. Sabemos que existem serviços que não podem parar: hospitais, supermercados, transportes de cargas e alguns outros. Para que estes funcionem são adotadas medidas de isolamento para as pessoas que trabalham nestes locais essenciais. Essas medidas são definidas de acordo com cada local pois é preciso entender como funciona para adotar as medidas de isolamento necessárias e possíveis. Assim, por exemplo, nos hospitais: define-se um local único de entrada de pacientes, uma triagem para identificar rapidamente quem precisa ser atendido e destes quem precisa ser isolado ainda no local da triagem. Os profissionais que estão triando tem que ser protegidos individualmente com equipamentos adequados. O mesmo para os pacientes nos andares. Os infectados ficam separados individualmente dos demais e com o pessoal necessário ao seu atendimento, com medidas de proteção. Providencia-se locomoção para o pessoal de serviço de sua residência para o trabalho ou outras medidas para garantir transporte o mais isolado possível, e assim sucessivamente. Todo o abastecimento do hospital deve ser planejado com medidas de proteção para quem trás e para quem recebe o material. O isolamento é total mas com individualização para cada situação que não pode ser suspensa. Energia, limpeza, alimentação têm que ser mantidas com medidas especiais. Com isso garante-se o funcionamento dos serviços essenciais e reduz-se ao máximo possível o contágio e portanto evita-se o rápido espalhamento da infecção ao longo do tempo. Para isto são necessárias ações coordenadas em todos os níveis governos federal, estadual e municipal chegando às organizações da sociedade (sindicatos, instituições, ONGs etc) e aos indivíduos e com o mesmo objetivo: isolamento máximo mesmo que algumas medidas pareçam drásticas.
O resto é querer criar confusão. Encaminho junto a esta nota um manual com 68 página para que cada um saiba como se organizar na sua casa ou no seu local de trabalho essencial.
Já temos dados mostrando que entre o não isolamento e o isolamento total precoce o número de infectados no Brasil pode cair de 187 milhões para 11,5 milhões e mesmo com o isolamento total tardio haverá redução para 50 milhões. O número de mortes para estas mesmas ações seriam: 1 milhão e 100 mil para o não isolamento, 206 mil para o isolamento tardio e 44 mil para o isolamento precoce. Ou seja, pode-se evitar mais de 1 milhão de mortes. Isto em um curto período de tempo. É muito mais que as duas bombas atômicas da segunda guerra mundial que juntas mataram cerca de 200.000 pessoas.
É isto que os idiotas que ficam falando que o Brasil não pode parar não conseguem entender. Estarão matando mais de um milhão de pessoas. Se as medidas forem tomadas corretamente haverá repercussão sobre a economia mas se as medidas econômicas também forem tomadas corretamente e concomitantemente com as medidas sanitárias será bem mais fácil sair da recessão pois os recursos econômicos para isto existem, mas alguns governos não querem tomá-las.
O coronavírus está colocando claramente que temos que acabar é com a desigualdade social, com a injustiça social, com esta concentração de renda absurda e principalmente ter um estado capaz de coordenar as ações necessárias. A grande doença é o capitalismo financeiro com sua enorme concentração de riqueza na mão dos 1%. Querem desviar esta discussão e vão inventar tudo que puderem para que a população não se conscientize dessa doença que nos devora há mais de um século, mas se agravou desde 1991.
Os recursos necessários podem vir rapidamente com medidas que busquem recursos nas instituições que acumularam essa enorme quantidade de riquezas. Por exemplo: suspender o pagamento de juros e amortizações da dívida pública por um ano. Isto produziria rapidamente a disponibilidade de 2,5 bilhões de reais por dia para serem aplicados. Taxar as grandes fortunas. Taxar os ganhos de capital. Portanto existem medidas econômicas que rapidamente podem ser tomadas para garantir a renda de todos e manter os empregos de todos. O fundamental é coordenar as ações em todos os níveis de decisão e o SUS está estruturado para isto.
Portanto: Isolamento total já, até que o número de mortos comece a cair drasticamente. Todos tem que saber que isolamento total é com manutenção dos serviços essenciais e cada serviço essencial com estratégias específicas de isolamento.
Só com o isolamento total drástico e coordenado e com medidas econômicas concomitantes poderemos sair desta epidemia com menor número de mortes e o mais rápido possível.
Sair precocemente do isolamento poderá provocar um novo aumento do número de casos e de mortes.
Devido à complexidade do problema é necessário formar equipes competentes de pessoal qualificado e com um sistema de informações em saúde capaz de fornecer dados contínuos para tomada de decisões. Os palpiteiros precisam ser contidos.
Neste momento precisamos de decisões coordenadas e com base em informações continuas.
O Sistema Único de Saúde é crucial neste momento.
Solidariedade e contribuição de todos com seus conhecimentos.
Nelson Albuquerque de Souza e Silva
Professor Emérito da Faculdade de Medicina da UFRJ
29/03/2020
Obs: Os cálculos acima foram disponibilizados na sexta-feira, dia 27/03/2020. pelo Imperial College de Londres com base nos dados da epidemia atual. Estão bem feitos embora tenham que ser aperfeiçoados conforme mais dados nos chegam.
Anexos:
O DATASUS lançou a nova plataforma de monitoramento dos casos de COVID-19 no Brasil clique aqui.
Manual Sobre Prevenção e Tratamento - COVID-19 clique aqui.
Relatório do Imperial College clique aqui (é atualizado diariamente).
Quando a gente pensava que a Inteligência Artificial iria transformar o mundo de maneira radical, eis que surge um ser vivo de tamanho desprezível e provoca, além de sofrimento, uma mudança avassaladora e permanente. Assim como o vírus causador da AIDS que na década de 80 mudou nossa maneira de nos relacionarmos, o Covid19 impôs o afastamento súbito, e vai seguir distanciando de alguma forma os humanos por muito tempo. Vamos ter de criar novas aproximações, novas formas de relacionamento. No dia a dia, teremos de buscar soluções para os estádios de futebol, para os museus, para os cinemas que talvez infelizmente desapareçam enfraquecidos que já estavam em uma luta inglória frente à Netflix, Amazon e cia. Mudará de forma permanente nossa maneira de comprar, de ensinar e de aprender.
A computação, e não só a inteligência artificial, terá um papel ainda muito mais relevante em nossas vidas. Já pensou o que seria de nós nesse momento sem internet, sem smartphones, sem computador? Em minhas preces, eu rogo pela saúde não só da minha família e amigos, mas do meu computador, não consigo nem pensar o que seria de mim se lhe acontece alguma coisa durante essa fase de clausuro. Mais do que a última smart-frescura em nosso celular descobrimos por exemplo que precisamos de internet para todos e suficiente para podermos nos encontrar, dar aulas, ver filmes etc etc.
Descobrimos nas últimas semanas que não estávamos preparados para uma pandemia, fomos pegos de surpresa e estamos tendo que arrumar o avião em pleno voo. Fomos, de supetão, jogados no palco antes dos ensaios. E poderia ser pior? Claro que sim, já pensou um vírus com a letalidade do Ebola e a capacidade de transmissão do COVID19? Assim como depois do atentado de 11 de setembro quando toda a rotina de segurança nos aeroportos teve de ser trocada, vamos daqui por diante conviver com sistemas de segurança antiepidemias. Será que nos medirão a temperatura ao entrar em grandes eventos? Até que ponto se voltará a abrir as fronteiras, hoje quase todas fechadas?
O COVID19 está nos ensinando que só temos chance de sobreviver em grupo, impossível pensar em uma solução individual, a única saída é a coletiva. Mais do que para não nos contaminarmos, devemos ficar em casa para não contaminar aos demais, ficou claro que é preciso pensar como grupo. E ironicamente a única saída é nos afastarmos, juntos, mas separados. Estamos nos encontrando de outra maneira, descobrindo, por exemplo, o prazer de sair à janela todos os dias pontualmente as 20 00h para bater palmas aos profissionais da saúde ao som da mesma música, Resistiré. ‘Resistiré para seguir viviendo’, diz o refrão. Restiremos enquanto humanidade, não como indivíduos.
O vírus, tão pequenininho, está dando uma lição fabulosa a lideres prepotentes que estão descobrindo que não tem poder de pará-lo com bravatas. Foi assim com Bolsonaro, com Trump e com Boris Johnson, esse último atingido pessoalmente pelo vírus, ou ao menos o único que teve a decência de assumi-lo. Todos os três já enfiaram suas violas no saco e se encolheram com o rabo entre as pernas. Foram sumariamente atropelados pelo vírus e pela sociedade que enquanto grupo, decidiu seguir as indicações cientificas. Afinal, é aí que está acumulado o conhecimento da humanidade.
Importantíssimo, estamos descobrindo que sem ciência não temos chances de sobrevivência. Um investimento de 1% do que se está perdendo nesse momento pela pandemia, provavelmente multiplicaria por 10 o orçamento da pesquisa cientifica nos últimos 10 anos no mundo todo e quase com certeza a essas alturas conheceríamos a vacina. Existe negócio mais lucrativo do que investir em ciência?
Talvez pela primeira vez toda a humanidade tenha um claro objetivo comum, imposto por nosso espirito de sobrevivência. O vírus nos uniu e nos mostrou que somos iguais entre nós e tremendamente frágeis frente a natureza. Essa minúscula criatura foi capaz de colocar todo o planeta de castigo em casa, talvez para nos forçar a refletir um pouco. Hoje vendo os pássaros da minha janela fiquei pensando como eles estão se sentindo vendo os humanos todos presos em suas gaiolas. Tudo isso vai terminar é verdade, mas então o mundo será outro, página virada desse folhetim. Como nos versos de Milton Nascimento e Beto Guedes: Nada será como antes amanhã.
Prof. Carlos Eduardo Pedreira
PESC/COPPE/UFRJ
01/04/2020
Na última sexta feira, em reunião na sala do CONSUNI, com a presença da equipe da reitoria e especialistas da área de saúde, Professores Roberto Medronho, Edimilson Migowski, entre outros profissionais, foram definidas alguma ações básicas contra o coronavírus.
São elas:
1- Colocação de sabonete líquido e papel toalha em todos os banheiros, permitindo a lavagem adequada das mãos. Informar aos servidores, estudantes e funcionários terceirizados sobre a necessidade de lavar as mãos com frequência;
2- Utilização de álcool gel ou álcool 70 para a limpeza de superfícies e bancadas;
3- No caso de alguma pessoa sentir dificuldade para respirar ou apresentar sintomas respiratórios não usuais, informar o dirigente, que deverá fazer o encaminhamento para o Hospital Universitário;
4- Sempre que possível abrir as janelas das salas de aula, laboratórios e ventilar os ambientes;
5- Quando espirrar utilizar um lenço de papel para evitar contaminação das mãos e outras áreas, ou utilizar o cotovelo para conter o espirro;
6- Pelo menos neste período, de muitas incertezas, adotar cumprimentos sem contato pessoal.
Além dessas recomendações básicas, foi solicitado que todos mantenham a carteira de vacinação em dia e que aqueles com idade até 59 anos, tomem a vacina contra sarampo. A vacina está disponível para todos, inclusive para os estudantes, na CPST. E no dia 12 de março, na sala C, da decania do CT, as pessoas podem se vacinar contra o sarampo.
O Programa Ativida do CCMN também poderá auxiliar na identificação de sintomas respiratórios não comuns, para encaminhamento aos especialistas, quando necessário.
A reunião foi encerrada com a informação de que, neste momento, não existe motivos para o cancelamento das aulas e atividades acadêmicas. No entanto, a situação está sendo avaliada dia a dia. Qualquer mudança será informada a comunidade.
HIGIENE, VACINAÇÃO e EDUCAÇÂO são aliados fortes para a manutenção da saúde.
Diretrizes divulgadas pela Reitoria da UFRJ na segunda-feira, 16/03, orientam sobre o funcionamento dos mais de 1400 laboratórios de pesquisa diante da pandemia da COVID-19.
Confira abaixo:
DIRETRIZES DE FUNCIONAMENTO PARA LABORATÓRIOS DE PESQUISA
Com relação às atividades de pesquisa, os laboratórios devem identificar as atividades essenciais e o que pode ser reduzido/suspenso. Idealmente, experimentos de longo prazo não devem ser iniciados nesse momento. O foco deve ser nas atividades que não podem ser interrompidas, como abastecimento de nitrogênio líquido e biotérios. Somente os próprios laboratórios serão capazes de identificar o que é essencial e não passível de interrupção. Seguimos com algumas recomendações:
Combine com seu orientador ou com a coordenação do laboratório as suas atividades durante o período de pandemia. Devemos assegurar o máximo de segurança possível no ambiente do laboratório, para todos os frequentadores. Portanto, identifique tarefas indispensáveis, urgentes ou inadiáveis. Tudo o que puder ser adiado deve ser feito até o final da fase crítica de expansão da pandemia no Rio de Janeiro. Os seminários e reuniões de dados do laboratório devem ser suspensos até segunda ordem.
Não deixe de comunicar imediatamente ao seu coordenador/orientador qualquer caso de infecção respiratória (resfriado patente, sintomas de gripe, falta de ar etc.) em você ou em familiares e/ou pessoas próximas.
Lembre-se de que cada pessoa infectada por esse vírus tem potencial de transmiti-lo para, em média, outras 3 pessoas, e que o contágio ocorre mesmo a partir de quem ainda não apresenta sintomas. Ou seja, se você tem contato com alguém doente, pode ser infectado e transmitir o vírus para familiares ou quaisquer outras pessoas mesmo antes de ficar doente.
No laboratório, mantenha-se sistematicamente a uma distância de pelo menos 1,5 a 2 metros (braços abertos) de outros membros do laboratório. Organize suas atividades em comum acordo com os outros presentes, faça o que precisa ser realizado e volte para casa.
Lave bem as mãos com sabão e com frequência; higienize chaves, celular, teclados e mouses com álcool 70% ou álcool em gel 60-70%; após o uso, limpe micropipetas e outros equipamentos e materiais de uso comum com álcool 70%. Alguns equipamentos não podem ser limpos com álcool, como os óculos de acrílico usados para pegar N2Liq, e devem ser higienizados com muita água e sabão.
Importante:
Em relação à manutenção das atividades essenciais, administrativas, assistenciais e de pesquisa, é preciso salientar o cuidado com servidores da UFRJ, terceirizados e discentes que apresentem sintomas de gripe ou resfriado. Nesse caso, TODOS devem entrar em quarentena produtiva (14 dias) e procurar atendimento médico caso ocorra agravamento do quadro respiratório.
A Reitoria da UFRJ está se reunindo com as empresas terceirizadas para que essas medidas de contingência sejam seguidas.
Como orientações adicionais, sugerimos que:
1. Acompanhem e sigam as recomendações gerais do Ministério da Saúde.
2. Acompanhem e sigam as recomendações específicas do Grupo de Trabalho da UFRJ sobre o Novo Coronavírus.
3. Não confiem em informações ou conselhos veiculados pelas redes sociais sem confirmação por entidades ou fontes oficiais.
A Reitoria da UFRJ recomenda, ainda, a manutenção das demais diretrizes de contingência da COVID-19, amplamente divulgadas no site oficial da UFRJ sobre o COVID-19 clicando aqui.
O Grupo de Trabalho tem emitido instruções técnicas relevantes sobre as ações relacionadas à pandemia e, sempre que necessário, emitirá novas orientações.
Devemos confiar nas decisões que visam ao bem comum, respeitando-as. Todas as ações devem ser articuladas, programadas e voltadas a minimizar a propagação da doença. Essa pandemia não é razão para pânico, mas um momento de tomar as medidas de prevenção necessárias, com disciplina e tranquilidade.
Estamos trabalhando em articulação com o poder público e as empresas terceirizadas. Devemos, TODOS, estar conscientes de que as instruções mais específicas chegarão em breve. Nossa universidade é diversa.
Ações para evitar pânico ou algum tipo de injustiça estarão em nossas instruções normativas, que não são definitivas neste momento de crise.